Durante dois anos, mulher manteve relacionamento com um ex-secretário municipal de Santo Antônio do Descoberto, a quem ajudou financeiramente e politicamente. Após o rompimento, perdeu o emprego, acumulou dívidas, enfrentou crise emocional profunda e hoje responde a um processo na Justiça Eleitoral.
Uma história marcada por confiança, dependência emocional e o uso desigual de poder político está por trás do drama vivido por uma mulher do Entorno do Distrito Federal. Durante dois anos, ela se relacionou com um ex-secretário municipal. No período, afirma ter feito empréstimos para ajudá-lo a quitar dívidas, além de contribuir para que ele montasse um pequeno criatório de animais. Em troca, recebeu apoio com empregos em estruturas públicas da saúde municipal.
Com o fim do relacionamento no ano passado, vieram também o desemprego e o isolamento. Ela perdeu os cargos que ocupava, acumulou dívidas e, em desespero, tentou tirar a própria vida duas vezes.
“Eu fiz tudo que ele pediu. Votei, gravei vídeo, ajudei financeiramente. Quando não servia mais, fui descartada. Agora, quem paga sou eu, sozinha, com duas crianças para cuidar”, relata a mulher, que prefere não ser identificada.
Durante o relacionamento, ela gravou um vídeo, a pedido dele, provando que havia votado nele nas eleições. Hoje, essa gravação é usada contra ela em um processo eleitoral que corre na Justiça, no qual é acusada de irregularidade. A mulher alega que fez tudo sob influência emocional, sem ter conhecimento das implicações jurídicas.
Enquanto ela enfrenta o desemprego e vive de doações de amigos e parentes, o ex-secretário segue nomeado em um cargo de direção na estrutura municipal.
Efeitos e possibilidades
Juristas ouvidos pela reportagem apontam que a situação pode configurar violência psicológica, conforme previsto na Lei Maria da Penha, além de abuso de poder, assédio institucional e eventual improbidade administrativa, caso se comprove o uso da máquina pública para favorecimento pessoal durante o período da relação.
“O caso é delicado e envolve múltiplas formas de vulnerabilidade. Quando há vínculo afetivo, dependência econômica, perda de emprego e sofrimento psíquico severo, há elementos que devem ser investigados pelas autoridades”, explica uma advogada especialista em direitos das mulheres.
A mulher afirma que está buscando ajuda jurídica para formalizar denúncias e espera que a situação sirva de alerta para outras mulheres que passam por relações marcadas por desequilíbrio e poder.
“Eu só quero ser ouvida. Não quero que ele pague com maldade, mas com justiça. Quero poder trabalhar e cuidar dos meus filhos com dignidade.”