Enquanto nas redes sociais circulam frases como “faculdade não garante sucesso” ou “o diploma é inútil no Brasil”, nos bastidores da vida real, uma realidade se impõe de forma silenciosa, porém gritante: os filhos de famosos, milionários e empresários seguem cursando universidades renomadas — dentro e fora do país — e se formando com pompa e circunstância.
O que está acontecendo?
A contradição que ninguém quer discutir
De um lado, jovens de periferia e de classes médias baixas, muitas vezes desmotivados por discursos que vendem o atalho, o empreendedorismo instantâneo ou a fama nas redes como salvação. Do outro, filhos de artistas, políticos e magnatas, frequentando as melhores universidades do Brasil, da Europa ou dos Estados Unidos — inclusive cursando áreas como Direito, Administração, Engenharia e Medicina.
Recentemente, celebridades como Gloria Pires, Regina Casé, Luciano Huck e Claudia Raia comemoraram com orgulho as formaturas dos filhos em cursos superiores. A atriz Bruna Marquezine também declarou publicamente o desejo de cursar uma universidade americana. Nenhum deles parece disposto a abrir mão do diploma.
A quem interessa dizer que a faculdade não vale a pena?
A ascensão pelo estudo sempre foi uma ameaça ao status quo. O diploma de ensino superior, além de abrir portas no mercado de trabalho, oferece repertório crítico, networking qualificado e acesso a ambientes que historicamente foram negados às camadas mais pobres da população.
Dizer que “faculdade não vale a pena” é repetir o discurso que serve a quem já está no topo — e quer manter os outros na base.
O erro não está no ensino superior. Está na promessa quebrada de que ele resolveria tudo.
Sim, muitos cursos estão defasados. Sim, o ensino pode ser engessado. Mas isso não significa que o diploma perdeu valor — significa que ele precisa ser complementado com estratégia, propósito e planejamento. Ensino superior não é um passe de mágica. É um trampolim — e quem sabe usá-lo, salta mais longe.
Enquanto isso, quem pode, segue estudando.
Filhos de elite não estão sendo educados para virar “influenciadores de sucesso sem diploma”. Eles são formados para gerir heranças, assumir negócios, ocupar cargos estratégicos e dominar as narrativas. E isso passa pela educação formal, sempre.
Conclusão: o problema não é o diploma. É quem está sendo convencido a desistir dele.
É hora de refletir: se o ensino superior fosse realmente inútil, por que os filhos dos que têm tudo continuam lá?
Estudar nunca foi perder tempo. O que perde tempo é acreditar em atalhos que não se sustentam para quem veio de baixo.
(Está matéria não reflete necessariamente a opinião do Jornal 14 de Maio.)