SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO (GO) – Um relato dramático trouxe à tona suspeitas de negligência médica em uma unidade de saúde do município. A moradora Ligia Rayane afirma ter perdido suas filhas gêmeas durante a gestação devido à ausência de cuidados básicos e falhas no acompanhamento pré-natal por parte de um médico que atua no setor de Mansões, identificado pelas iniciais J.A.S., vinculado ao programa federal Mais Médicos.
Segundo Ligia, o médico nunca analisou os exames laboratoriais solicitados pela enfermagem na primeira consulta, os quais já apontavam a presença de uma infecção urinária. “No meu prontuário consta que ele não olhou meus exames”, relata. A infecção não tratada teria evoluído, agravando o quadro clínico durante a gravidez.
Com cinco meses de gestação, Ligia passou a sentir dores intensas e contrações. “Fui levada ao hospital do município e depois transferida para o hospital de Taguatinga. Lá, o médico que me atendeu disse que minhas filhas estavam mortas sem sequer me examinar”, afirma.
No entanto, após troca de plantão, outro profissional constatou que os bebês ainda estavam vivos. Ligia foi então transferida ao Hospital Santa Lúcia, em Brasília, onde recebeu o diagnóstico de infecção urinária grave. Posteriormente, foi encaminhada ao Hospital Santa Helena, onde deu à luz as gêmeas, que infelizmente não resistiram às complicações.
Ligia também sofreu infecção generalizada no útero e chegou a ser internada em uma UTI. Mesmo após alta hospitalar, continuou com sintomas e teve que realizar uma histeroscopia, que confirmou uma inflamação uterina severa. Atualmente, segue em tratamento e passará por novo procedimento para avaliar a evolução do quadro.
“Esse médico não tem CRM e está atendendo normalmente no posto. Já procurei advogados, mas poucos aceitam o caso ou cobram valores muito altos. Não é justo ele continuar atendendo e deixando o povo morrer como fez com as minhas filhas”, desabafa.
A moradora afirma ainda que sua mãe também foi vítima de diagnóstico equivocado pelo mesmo profissional. “Ela sentia fortes dores e ele disse que era vesícula, sendo que ela nem tem vesícula”, relatou.
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Esta reportagem tem como base o relato documentado da paciente Ligia Rayane, que autorizou a publicação de sua história. O conteúdo se insere no exercício legítimo da liberdade de imprensa, conforme previsto nos artigos 5º, IX, e 220 da Constituição Federal, por envolver tema de interesse público relacionado à saúde e à atuação de profissionais no SUS.
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