No domingo, 20 de julho de 2025, a cidade de Água Quente, no Distrito Federal, foi palco da “Primeira Cavalgada Entre Violas e Esporas”, evento que celebrou a cultura sertaneja com cavalgada pelas ruas da cidade, shows musicais e apresentação de DJs. O que parecia apenas mais uma tradicional festa popular, no entanto, passou a chamar atenção pelo alto valor de recursos públicos investidos e por possíveis inconsistências entre o projeto aprovado e o que efetivamente foi realizado.
A iniciativa foi financiada com R$ 260 mil em verba pública, oriunda de emenda parlamentar do deputado distrital Jorge Vianna (PSD-DF), e executada pelo Instituto Athos, entidade sediada em Santo Antônio do Descoberto (GO). Os recursos foram liberados por meio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
Conforme apuração, a proposta inicial apresentada pelo Instituto teria sido uma simples cavalgada — sem elementos complementares de formação ou inclusão cultural. Essa proposta teria sido negada pelos órgãos de fomento. Após isso, o projeto teria sido reformulado com o título Projeto “Entre Violas e Esporas”, incluindo no papel elementos culturais adicionais, o que possibilitou sua aprovação e liberação da verba.
A grande questão agora é: esses elementos culturais realmente aconteceram ou foram apenas inseridos para “cumprir tabela”?
Até o momento, não há divulgação pública de registros ou relatórios que comprovem a realização de oficinas, seminários, ações educativas ou formativas, que costumam ser exigências básicas em projetos custeados com verba do FAC-DF. Vídeos e fotos disponíveis em redes sociais se limitam a mostrar a cavalgada e apresentações musicais.
A situação pode configurar desvio de finalidade ou simulação de cumprimento do objeto, condutas passíveis de responsabilização cível, penal e administrativa.
Procurado pela reportagem, o presidente do Instituto Athos, Robson Santino, afirmou que “o evento foi executado em sua totalidade, com apresentação cultural de cavaleiros, quadrilha, música sertaneja, e com fiel observância ao plano de trabalho, acompanhado presencialmente pelo fiscal responsável pelo Termo de Fomento”. Foi solicitado o Plano de Trabalho mas Robson não respondeu.