SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO (GO) — Moradores relatam que equipes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estiveram na cidade no último dia 12, ontem, realizando operações contra veículos particulares que transportam passageiros para o Distrito Federal. O alvo foram motoristas conhecidos popularmente como “piratinhas” — expressão usada para quem leva passageiros sem autorização formal.
Na prática, porém, boa parte desses condutores são trabalhadores que se deslocam diariamente para Brasília ou Taguatinga, levando amigos ou colegas de trabalho para dividir custos de combustível, diante da reconhecida deficiência do transporte coletivo intermunicipal que serve Santo Antônio do Descoberto.
A presença da ANTT levanta questionamentos. Pela rotina do órgão, não é comum o envio de equipes a municípios do porte de Santo Antônio do Descoberto, com pouco mais de 80 mil habitantes, sem que haja denúncia formal ou articulação prévia com autoridades locais de trânsito ou transporte. Isso reforça a suspeita de que a fiscalização foi provocada — seja por denúncias, seja por interesses específicos — e não fruto de uma operação espontânea da agência.
Enquanto isso, a população continua sem alternativas viáveis para se deslocar ao Distrito Federal. Os ônibus disponíveis enfrentam reclamações de horários irregulares, lotação excessiva e falta de conforto. Para muitos, a carona remunerada ou a divisão de custos em carros particulares é a única saída para chegar ao trabalho ou cumprir compromissos diários.
A reportagem procurará ouvir a ANTT e os órgãos municipais para esclarecer quem provocou a operação e quais critérios justificaram a escolha de Santo Antônio do Descoberto para a ação.